Infinitamente
Autor: Frederico De Castro on Saturday, 7 March 2015
Aprendi com o tempo
a domesticar minha audácia
com sentido de vida
minha fúria confundida
no limiar da razão derradeira
Aprendi com a vida
como soletrar os dissabores
que o tempo impregna a alma
sem nunca ressarcir de poesia
todos os apelos que sustento
e domestico
sem flagelos que a morte tira
ou milagres que a vida
eu sei de amores jamais eu traíra
Aprendi a chegar com o vento
e partir com a multidão
em velada procissão
a nunca trocar minha eternidade
por um punhado de mediocridades
a retemperar as loucuras incompreensíveis
em actos soberanos
de confidentes instintos
tantos, quantos
desafios ou promessas tangíveis
eu quero e consinto
Aprendi a escutar
até as sombras que se desprendem
insólitas na precisão do tempo
e de mim
a caminhar no caminho
em cada aventura
que pressinto
e depois
assim preso a ti distraído
misturo nossas dialécticas apaixonadas
num cálice de instantes ritmados
e antes que a manhã nasça
e morra amanhã
eu tarde nesta noite
me achego simultaneamente
a cada açoite a ti ancorado
emprestando ao tempo que cessa
a luz atraente
que em folguêdos desmedidos
viaja até ao infinito…infinitamente
disponível e resplandecente
onde somente tu e eu existiríamos
camuflados em palavras que desabrocham
gota-a-gota
com graça e sabores deslumbrados
numa réstia de vida espontâneamente insaciável
FC
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