Intimidade com cerveja
Intimidade com cerveja
Intrigante são os olhos que me seguem a cada passo, notoriamente investigam-me curiosos. Percebo sua aproximação como que se quer que seja por puro acaso, porém, os olhos denunciam. Olhos que não deixaram de me observar um só minuto desde que cheguei. Sei que ela vai chegar a mim, falar algo, tentar começar uma conversa displicente. Mas sei também o que ela quer. Conheço a alma feminina e o olhar de caçadora.
Então ela chega e tenta começar um diálogo, mas antes mesmo dela pronunciar a segunda palavra eu digo: “SIM.”
– Mas eu nem perguntei nada ainda. – Diz ela
Seja qual for a sua pergunta, antes dela, eu digo sim para os seus olhos, pois a tempos que eles me perguntam algo. – Disse eu
- Deixemos de formalidades então. – Responde ela
Concordo plenamente. – Respondo
- Então vamos sair daqui, desse lugar. – Diz ela
Pra onde você for eu vou. – Digo
- Então vamos agora. – Diz ela
Mas acabo de chegar e nem tomei ainda uma cerveja. – Digo eu
- Terás tempo para todas as cervejas, e além do mais, antes da pergunta você já disse sim. Então vamos. – Disse ela
Vamos. – Respondo
Segurei a mão dela e saímos do bar. Cinco horas depois, nos primeiros raios de sol da manhã estávamos à beira mar tomando uma cerveja. No mesmo copo.
Charles Silva