IN/TITULAÇÃO CRÍTICA DO MEU DIA A DIA

 
 
 
Eis-me aqui, onde só me encontra o que já conheço, como um episódio sincronizado, agendado a priori...Não temo a pronúncia das vozes e os sons de comando que me incomodam, nem a nublosa presença de vultos ocultos no telhado de amianto de minha casa
 
Traduzo com freqüência, o hermético dialeto de minha mente, ao ser  rastreado em meus clonados dispositivos digitais por um intruso hacker, que já roubou-me até o ar que expiro, além dos dígitos oscilantes de minha paz.
 
Frequento ambientes compartilhados, que apenas propõem protocolos e códigos de conduta comportamentais, que acato indiferente.
 
Ergo pirâmides sob as conchas das sombras, colidindo com a arquitetura convencional do planeta (embora queira apenas evitar o extenso ermo de minha própria casa).
 
Titulo no liquidificador, o odor e a saliva da amônia, que goteja continuamente no mosto acético do vinagre, que me lavará o rosto cansado. 
 
Inalo os metais pesados das chaminés e da fuligem cosmopolita, acumulando nos pulmões, frações de maresia tóxica e vapores de incêndios próximos, que inundam todos os cômodos de minha moradia física (já que a interior, é invulnerável).
 
Retenho nas mãos, o sumo e o suor dos berços anônimos, que ainda nem existem sequer...
 
Rasgo o ventre das manhãs, ansiando a lua, como quem expele de si, todo  infame e exógeno assédio, que só cessa sua invasão, no vislumbre da manhã seguinte: “tag” de meu quarto de dormir.
 
Sigo vivendo! produzindo e criando! (apesar dos pesares...)
 
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