A JUSTINO DE MONTALVÃO
Autor: António Nobre on Monday, 31 December 2012
Em St. Maurice (aqui perto) ha um convento
De Franciscanos. Fui-me lá ha dias.
Quando eu entrei, tocava a Avè-Marias.
Iam ceiar. Fóra mugia o vento.
Um pallido Christo, ao fundo da sala,
Espalha em redor seu alvo clarão;
E, quando se reflecte a Cruz pelo chão,
Os frades ingenuos não ousam pisal-a.
«Meu irmão...» disseram, ao verem-me á porta.
Vontade, Senhor, tive eu de chorar!
Tão só me sentia, pela noite morta...
E quando na volta, á luz das estrellas,
Meu doido passado me vim a evocar,
Pensei no perdão d'uma alma d'aquellas.
Bex, junho, 1896.
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