Legítima defesa
Autor: Frederico De Castro on Sunday, 16 October 2016
No recobro deste poema
solicito a transparência dos
versos que nunca te direi
Desprendo-me desta vida
conferindo cada silêncio cruel
onde me auto-flagelo no berço
do meu cárcere feito de palavras
…todas as palavras aquietas
brandas
disfarçadas
diletas
Desertei por um tempo
em legítima defesa
Deixei perplexo o tempo
onde refinei cada transeunte
beijo compartilhado à sucapa
Edifiquei todas as pontes onde
se pavimentam as vivências
os amores concebidos na
intempérie da vida confinada
à profecia de um desejo
trajado de mil confidências
Colhi agora o futuro que sobrevive
a todas as ilusões
Despi minh’ alma das decepções
que vivi na morada do passado
Plantei no presente o repintado
destino onde enquadrei teu sorriso
transpirando perfume por todos
os poros e carícias acossadas
aplacando nossos segredos fantásticos
desertando de mim
apenas de mim…acalentado
oh, como sei simplesmente absoluto
analítico, sintático
Foi em legítima defesa que degluti
esta pílula de tempo onde por fim
te consumi, dedilhando com prazer
cada corda musical deste silêncio
quase estilístico, imperial
nitidamente alojado na eternidade
que chega de forma magistral
FC
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