LEMBRANÇAS E DESESPERO

LEMBRANÇAS E DESESPERO

 

Foi embora o Outono,

e não me deixa saudades

Suas noites são frias,

melancólicas, e silenciosas

E junto à lareira, no calor 

de sua fornalha, adormeço 

preso a um livro de acção,

por vezes tão sombrio 

como a noite



As noites de Outono 

não me trazem boas memórias

Foi numa delas, que perdi aquela 

que era o meu doce viver 

Agora, me resta apenas um livro, 

e a brasa da minha lareira, 

que não aquece meu coração 

cheio de cicatrizes

 

Por vezes sussurro a Deus,

zangado por sua insensibilidade

que trouxe esta solidão,

que me leva, à absoluta dor

“És tão cruel meu Deus"

porque não me levas

para junto de quem me trazia

a quentura da alma”

Aqui estou só, nestas noites frias 

onde rasgo lembranças de desespero 

num grito alvoraçado,

que vai em busca da louca paixão

Que se encontra no seu 

porto seguro da eternidade, 

e me deixa aqui a morrer 

de perene saudade

 

Vivo no sonho de encontrar

a luz para ir no seu caminho 

Meu amor partiu, 

e deixou a perplexidade

no fundo de mim, 

como uma dança oculta,

que é constante na minha vida

Dela apenas desejo um abraço

outra vez, puro Indivisível 

como a flor

É a minha paixão

de manifesta, lucidez

 

de: fernando ramos

 

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