Loucura Efêmera
Vivo de fugas;
Fujo da realidade e não sonho,
Fujo do mundo e não encontro a mim mesmo.
Corro contra o vento e alcanço a tempestade,
Corro contra o tempo, e não chego a lugar algum.
Vivo.
Captando e raptando tudo à minha volta
Aprendendo e apreendendo um mundo fugaz
Tendo em vista uma paisagem naturalmente urbana
De um cinza mórbido numa calma correria.
São distúrbios sensitivos:
Já não sinto, pressinto;
Não mais vejo, intuo;
Não escuto, percebo;
Cheiro o que já não tem odor
E tateio o impalpável
Na esperança de descobrir e controlar
A loucura interna de uma megalópole
(absolutamente normal...)
Vivo
Caindo (e fugindo) no efêmero,
Esperando que um dia chegue
Em que o mundo passe
Ou que, enfim,
Pare de fugir correndo
E, com isso, de viver.
Adeus ao que é novo!
Viva o passado!
(Que é o que constitui essa vida.)
Rodrigo Dias
(in: “Expressões Impressas & Impressões Expressas”; Usina de Letras, Rio de Janeiro, 2009)