LYRA XXIII.
Autor: Tomás António G... on Thursday, 29 November 2012
N'um sitio ameno
Cheio de rosas,
De brancos lyrios,
Murtas viçosas;
Dos seus amores
Na companhia
Dirceo passava
Alegre o dia.
Em tom de graça,
Ao terno amante
Manda Marilia
Que toque, e cante.
Péga na lyra,
Sem que a tempere,
A voz levanta,
E as cordas fere.
C'os doces pontos
A mão atina,
E a voz iguala
A voz divina.
Ella, que teve
De rir-se a idéa,
Nem move os olhos
De assombro chêa.
Então Cupido
Apparecendo,
Á bella falla
Assim dizendo:
_Do teu amado
A lyra fias,
Só porque delle
Zombando rias_?
_Quando n'um peito
Assento faço,
Do peito subo
Á lingoa, e braço_.
_Nem creias que outro
Estylo tome,
Sendo eu o mestre,
A acção teu nome_.
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