Maes, Vinde Ouvir!
Autor: António Nobre on Sunday, 25 November 2012
Longe de ti, na cella do meu quarto,
Meu copo cheio de agoirentas fezes,
Sinto que rezas do Outro-mundo, harto,
Pelo teu filho. Minha Mãe, não rezes!
Para fallar, assim, ve tu! já farto,
Para me ouvires blasphemar, ás vezes,
Soffres por mim as dores crueis do parto
E trazes-me no ventre nove mezes!
Nunca me houvesses dado á luz, Senhora!
Nunca eu mamasse o leite aureolado
Que me fez homem, magica bebida!
Fôra melhor não ter nascido, fôra,
Do que andar, como eu ando, degredado
Por esta Costa d'Africa da Vida...
Coimbra, 1889.
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