Mamã

    Toda a Paz, todo o Amor, toda a Bondade,
    Toda a Ternura que de ti me vêm,
    Amparam-me esta triste mocidade
    Como nos tempos em que tinha Mãe.

    Quanto eu te devo! Odios, impiedade,
    Indignações e raivas contra alguem,
    Loucuras de rapaz, tedios, vaidade,
    Tudo isso perdi--e ainda bem!

    Salvaste-me! Trouxeste-me a Esperança!
    Nunca m'a tires não, linda criança,
    (Linda e tão boa não o farás, talvez!)

    Pois que perder-te, meu amor, agora,
    Ai que desgraça horrivel! isso fôra
    Perder a minha Mãe, segunda vez.

Ilha da Madeira, 1898.

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