MANHÃ DE AMORES

MANHÃ DE AMORES

As estrelas virgens vão partindo
Piscando os olhos num ar matreiro
Para a manhã que vem chegando
Sonolenta e molhada de nevoeiro.

Manhã envergonhada que no azul cinzento
Se perde num ócio de amanhecer
As estrelas já partiram no firmamento
E o sol estende os braços para nascer.

Lavada pela luz benigna e triunfante
Sorri para o céu com amor
Saúda esse astro dominante
Que a visita com calor.

As horas vão passando soalheiras
Pelos bosques e cumes arraigados
E a Manhã, vai-se furtando de mil maneiras
Às ordens dos deuses arreliados.

Manhã jovem, de ar matreiro e angelical
Não vês que a luz da tarde já tremulava
É tempo, de outros tempos, afinal
E a Tarde na penumbra, cochichava.

Viver junto de ti justos amores
Ao sol que desponta nova aurora
Receber dos deuses mil favores
Beijar teus lábios sem demora..

E partir, só ao fim do entardecer
Desprender-me num desejo de ficar
Ver Vénus no princípio do anoitecer
E amar-te, como a Tarde sabe amar.

João Murty

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