Manhã submersa
Autor: Frederico De Castro on Thursday, 23 July 2015
Ah… se me dessem somente
mais um dia para conquistar
um tempo onde me perdi
numa imensidão de épocas
de durabilidade infinita
onde até me esqueço
de sarar aquelas feridas
esbatidas
e espalmadas na fímbria dos ventos
decerto
seguíriamos aguçando ou
tranquilizando acinéticos sentimentos
mais selvagens
circunstânciais
vagabundeando nas margens extensas
deste imenso despertar
...e depois te seguiria na manhã submersa
onde me barrico mordiscando
somente de ti um imenso beijo
que me deste ontem pra me suster
e acalentar
– Nem mais encontraria
decerto
outras palavras
onde pudesse com tacto incorporar
todo o ser de mim
esvaindo-me apressado em ti
depois de adormecer a chama alucinada
onde nos desafiamos ígneos
espevitando
fustigando e inflamando épicos
e aparatosos rumores troantes de vida
abrasando-dos
e quando por fim reconciliados
sedamos por fim nossos desejos
numa declaração universal
aplacando-nos fiéis
quando a manhã finalmente adormece
e eu nem sei
se por ti clamo até pacificar a dor
ou se me calo simplesmente apaziguando-me
à tua mercê ficando
em silêncios e vigílias perpetuando-te
FC
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