Mansidão

Encontrei a minha solidão numa praia tranquila e deserta.

Um canto perdido algures, onde pude deixar correr lágrimas que, quando tocadas pelo sol,

reflectiram o meu mundo em cambiantes de cinzento.

Foi aí que te encontrei, observando em silêncio a partir de um ponto que eu não havia visto antes. E amei-te!



Nos fluxos e refluxos das marés interiores, mergulho agora a caneta no tinteiro do teu desejo infinito.

Quero escrever-te a história de um tempo que jamais foi contado

onde sentimentos ocultos se desdobram na tinta da paixão que flui em mim esta noite,

para que te possa transmitir a sensação da minha necessidade de ti

como se pudesses entrar no meu coração e sentir através dele.

Vem passear na praia comigo, nesta noite de tinta e de lágrimas e de intensas melodias...

Vem mergulhar na chama alta de cem velas brilhantes, em que todas sustentam a vibração de uma energia sem futuro nem passado.



E escreve-nos o contraponto para as sinfonias que combinam os nossos corpos num prazer que tudo envolve

e se misturam com letras de prosa agridoce por momentânea...



Estas árias que foram trazidas das altas colinas, para que as cantes aqui neste tempo-espaço entre o espaço e o tempo da Vida.



Tenho fome de escrever poemas sobre o poder do amor no pergaminho quente e flexível da tua pele,

palavras secretas que apenas tu compreendas.

Quero fazer das minhas mãos as tuas palavras até que a caneta seque e eu regresse para a encher novamente nesta tinta feita de fogo,

para a caligrafia do desejo.

Afinal, a minha vida está gravada com avanços e recuos na areia desta praia,

que durarão eternamente,

e onde um só ser é feito a partir de dois...

Género: