MARCHAS POPULARES - IRMÃS HOSPITALEIRAS

MARCHAS DOS SANTOS POPULARES – CASA DE SAÚDE RAINHA SANTA ISABEL

O dia chegou finalmente. A data escolhida, 16 de Junho, Sábado. A 12 tinham desfilado as Marchas de Lisboa com pompa e circunstância. O Bairro de Alfama levara o prémio pela terceira vez. Em Condeixa, sem os holofotes da imprensa, ganharam as cinco que desfilaram numa avenida de carinhos, afectos, dedicação e trabalho, perante uma assistência de muitos familiares, amigos, funcionários e companheiros dos participantes: Pessoas Assistidas.

Os treinos duraram algum tempo, para que a música e os movimentos corporais batessem certos. Não podiam existir desafinações. Como eram lindas as nossas fardas, feitas por mãos carinhosas! Quando descíamos para nos enquadrarmos no desfile, no jardim, os malmequeres, soprados pela suave brisa, curvavam-se à nossa passagem, como um gesto de agradecimento.

Lá fora, além do respeitável público, que nos esperava com alegria e esperança, a nossa avenida nas suas periferias, era adornada por rosas, cravos, manjericos, alecrim, sardinheiras, tomilho, alfazema, lírios, urzes…sob a protecção do feijão verde a trepar e as guias dos xuxos, ao lado, a fazerem-lhe companhia.

Do outro lado da avenida, as nogueiras, já com frutos adiantados na sua maturação, os aromas das tílias, dos citrinos, limoeiros e diospireiros, pinheiros…

Na apresentação de todos os grupos marchantes, cantou-se e dançou-se a marcha das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus. O Refrão: “Rainha Santa Isabel/ e as Rosas/que trazia no avental. /São riquezas muito, muito, nossas/das Hospitaleiras de Portugal.”

O meu grupo, o primeiro a actuar, levava três arcos, na frente Santo António, ao meio São João e o último São Pedro. Tinha a missão de o transportar nas Marchas Populares. Nunca um Santo foi tão leve. Com as chaves na mão, olhei várias vezes para ele e só lhe pedi que se não me abria a porta do Céu, ao menos que me deixasse entrar pelo postigo.

Admirável, foi o grupo da CSRSI - Casa de Saúde Rainha Santa Isabel. No arco a figura de São Bento Menni, à frente a Madrinha das Marchas Populares de 2018, e a seguir as figuras dos três santos mais populares de Portugal. No final da marcha, saiu da assistência uma noiva, que se dirigiu a Santo António para lhe arranjar namorado. A verdade é que o Santo, compreensivo, além de lhe dar a sacola com as esmolas, depressa providenciou um jovem namorado. Foi bonito, digno de se ver. Uma das Pessoas Assistida, numa cadeira de rodas, vestida de noiva, foi levada pelo seu noivo já idoso, para que fosse abençoada pelos três santos populares.

Uma jovem assistida do grupo coral cantou: “Condeixa tem mais encanto na hora da despedida.”

O apresentador é dinâmico e eficaz, só podia ser das terras egitanienses. Tanta gente de valor, oriunda das nossas Beiras, espalhada pelo país e pelo mundo.

 Foi o corolário de horas de ensaio e trabalho, de apoio das funcionárias da Instituição, que não se pouparam a esforços, estimulando-nos com imagens das Marchas de Lisboa, do Encontro Anual das Famílias, do DAR VOZ  (Associação dos Familiares e Amigos da Casa de Saúde Rainha Santa Isabel), a festejar o XIX Aniversário da sua Fundação.

O programa muito bem organizado pelos Gabinetes da Assistência Social, Pastoral de Saúde, incluiu a recepção aos visitantes, Eucaristia, uma acção de graças ao Senhor na defesa dos valores hospitaleiros, familiares, de encontros…Os meus Familiares e Amigos convidados, de Setúbal, Fundão, Lisboa, Coimbra, São Vicente da Beira, Alcácer do Sal, Barreiro, apresentaram documentos justificativos pela falta de comparência. Do Barreiro, vieram no dia seguinte os inesquecíveis primos.

No almoço partilhado com as famílias das Pessoas Assistidas houve uma grande mesa de sobremesas, oferta de bolos, doces, diversas frutas… Das cerejas do Fundão… nem um caroço.

Nas palavras de São Bento Menni: “na assistência ao doente, a ciência e a caridade completam-se; ser hospitaleiro é cuidar do doente, lado a lado.”

Sensibilizou-me a presença contínua da minha Esposa, da amiga Ângela Portugal e sua Mãe, e algumas mensagens de familiares e amigos, em especial os versos chegados da poetisa popular de Aldeia de Joanes, Maria de Fátima Esteves Xavier Jerónimo: ”Vestido a rigor, alma cheia/Na mão um manjerico. /São as Marchas de Condeixa/Tu estás contente e eu também fico./Nestas Marchas em que estás a participar/Deixaste o Fundão para Condeixa ires dançar/.Em Junho há marchas /Tudo gosta de se divertir/Novos e velhos ao nelas passar/Todos se põem a sorrir./ Gostava de ser mosca e espreitar/ Ver como teus pés se levantam no ar./ As Marchas são como Bailarico de Verão/Dar as mãos e bater com os pés no chão.”

Este evento das Marchas dos Santos Populares também é terapêutico. Estamos todos de parabéns. Até para o ano de 2019, com os troféus de mais saúde, felicidade e hospitalidade.

 

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Junho/2018

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