Medo

Eu e o meu medo às vezes falamos
na esquina da vida, escondidos no escuro
falamos tanto os dois no que não dizemos
encontramo-nos sozinhos em estado puro

Vamos tirando roupa no calor do silencio
pomos a alma a nu calados sem pressa
introspetivo poema da alma um prenuncio
fraqueza no escuro que ao medo se confessa

Mostro-te a ti meu medo quem sou eu
assim de corpo despido da alma nua
diz-me que somos todos uma parte do céu
e dou-te esta parte de mim sendo já tua

Nada é assim tão simples como parece
As forças inventadas para ser um projeto
deixam medos na alma e o corpo padece
fingindo ser de si apenas o concreto

Fingimos ser aquilo que somos para os outros
reinventamo-nos sozinhos no silencio escuro
Perdemos pedaços nossos na vida aos poucos
E aos poucos temos medo do medo futuro

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