Medos de Menino na noite em Gaza (VERSÃO PARA TRADUÇÃO)

Portuguese original version of the poem: “Medos de menino na noite em Gaza”, at the request, mainly, of the communities of culture Arab, African and other languages.

 

Medos de menino na noite em Gaza

 

No canto isolado dos pedaços que antes

faziam parte do meu mundo

aguardo apreensivo o grito da noite

antes era só um som que estrondava

o choro então ecoava

 

Sobre medo se desvelava a compaixão

depois o estrondo ligeiro se fazia

e jazia na lembrança banhada pelo pranto

e na noite que se seguia, a dor da fome

deixava alerta o espírito para o primo grito

 

E ele não tardava a chegar, apressava-se

a figurar antes do inaudito choro

me fazia pensar, em meu medo precoce

que tenra idade me concedera

por bondade divina a sobrevivência

 

Que dor impregnava aquele grito?

que as vezes se ouvia de longe

em outras sussurrava ao ouvido

em meu cantinho de parede

meu esconderijo do menino

 

Do que um grito da noite fizera do meu lar

uma pilha de pedras restar

de lá se ouvia o silencioso o pecaminoso

ato ousado de sobreviver

pensava nos gritos que precediam a dor

 

Pensava na morte, sem saber do Senhor como apelar

para que este grito maldoso

não fizesse com tantos de nós, a injustiça

de Nos arrancar dos braços maternos

e nos condenar aos escombros do lar

 

Que não se fizesse eterno, sem nos conceder o direito dado por misericórdia

de que os gritos não se tornassem infindos medos mortais

peço a Deus que meus ouvidos de menino

consigam um dia, ouvir os gritos sem assombro

sem fome, sem dor, luta ou abandono

 

Que a alegria faça parte do dia, sem medo

no chão que eu piso, em minhas raízes

nos amigos de minha infância,

que sobreviveram ao tenebroso grito

na casa que um dia, de novo será, de infinita alegria e total harmonia.

 

Hygora Hoxy

 

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