MEMÓRIAS "INFÃNCIA"

INFÃNCIA

Navego nos mares dos sonhos,
por entre as recordações de criança,
gritando, pulando, desafiando a ilusão,
calças rotas, corpo sujo, olhos risonhos,
nativo de Lagos, filho da ribeira,
desfraldo velas em ventos de mudança,
desafiando o mar, num bote da traineira.

Que fantasia, que sol, que vida,
pios de gaivota, sulcando o ar,
ronronam ondas, em noites de melodia
naquela doce alegria,
naquele ingênuo brincar!
o céu bordado de estrelas,
a terra de aromas cheia,
as ondas beijando a areia
e a lua beijando o mar!

Preso na minha imaginação,
fui mascarilha, num corcel de pau
correndo na pradaria da ilusão,
num bote, fui Barbas - pirata mau,
persegui ovnis de olhos no céu,
fiz magia, abri a porta da fantasia
de um espirito inquieto, voando ao léu.
Que vagarosas saudades,
silenciosas lembranças,
aos muros do meu desgosto,
sou um poeta esquecido,
que suspira no tempo vencido,
quando o sonho, perde o rosto.

João Murty

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