MEU BOCAGE

MEU BOCAGE

 

Hoje, num dia bravo de Inverno
Por uma rua do meu bairro
Caminho p’la calçada da velha cidade

Em meu pensamento Vai a lembrança 
De um livro que me ofertaram
Num natal passado

É uma antologia de Poesias
Do grande Barbosa Du Bocage

 

Como eu gosto deste danado 
Poeta escritor
Que andou p’la Índia

E irreverentemente passou seu tempo 
Pela boémia da minha bela cidade
Onde nunca perdia a oportunidade
De expor a sua forma satírica
Sempre numa frase que servia
Venenosamente para atormentar
Os maus espíritos dos bem pensantes
Dessa longínqua época

 

Como ele adorava moças de mil atributos
Como gozava à sua maneira 
A vida estúpida de preconceitos
Ah grande Bocage
Meu, Manuel Maria Barbosa Du Bocage
Como tu escrevias a verdade, 
Quando estavas mais pachorrento

 

Se fosse hoje, até eu te convidava
Para irmos beber umas ginjinhas
Ali pró Rossio, e passarmos 
P’la casa do teu amigo Nicola
P’ra atormentares, como só tu sabes

Os espíritos de agora 

de: Fernando Ramos

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