MEU IRMÃO ALAN

Querido irmão, se minha voz ouvir pudesses
Nessa hora triste de lembranças, de pesares,
Ao teu ouvido mui ameno eu falaria,
Como cantei-te os acalantos muitas vezes,
Que não levou-te de meu seio esta distância
Imposta pelos labirintos desse fado,
A impedir-me de em ti fitar minha alegria
E na inocência de teus olhos mergulhar.

Tu és de meu jardim a planta ressequida
Igual a tantas que o infortúnio sombreou;
Tu és a folha que as rajadas outonais
Do ramo verde de meus anos desprendeu.
A luz que na manhã cinérea repontava,
Que se esquivou de meu dossel tão esquecido.
O meu lembrar mais doloroso; uma saudade
Que visita meu universo silencioso.

Nunca olvidei tua existência, meu tesoiro!
A chama de teu riso em minh`alma ainda arde.
Inda te sinto em meus braços a divisar
A maviosa dança dos ledos anjinhos.
A quadra quando junto a ti eu desejava
Tanta ventura prever em nosso porvir,
Por mais que seja morta como os brandos cantos,
Inda ressurge em minha mente tão tristonha.

Ó meu menino que embalei serenamente,
Quão é medonho o meu viver quando acredito
Jamais sentir aquele esplêndido dulçor,
Que me invadia à tua imagem fascinante,
Outra vez, em minhas fugidias manhãs.
Como temo que esta esperança se dissipe
De novamente respirar o teu aroma,
Que de pureza meu coração inundava.

Sou como o nauta que procura no horizonte
Qualquer assomo que lhe aplaque o desespero,
De seu refúgio venturoso desterrado;
Sou quem te espera p`ra brincar nessas campinas,
Nas feéricas montanhas contigo ver
O balé das ninfas. Nos lagos cristalinos
Tua fronte tão querida poder mirar
A refletir teu júbilo que eu tanto adoro.

Perdão! Meu cândido alento por te deixar
Abandonado neste bosque misterioso;
Por não ser teu protetor ubíquo e eternal.
Oh! Nunca esqueça que de mim és uma parte,
E eternamente tua ausência me eivará!
Se cismares em mim, irmão, nunca te esqueças
Que o amor que por ti tenho será minha fala
A acalentar o teu repoiso angelical.

ALEXANDRE CAMPANHOLA - 06/12/2009

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