mil lágrimas

 

mil lágrimas miríades e mártires nos mortos mares marcados o suor de meus pés os pedidos de minhas rosas em sacrifício à proteção de Yemanjá é senhora é porta mil lágrimas formaram um rio que rumou para o mar mil lágrimas e mais teu estilhaço confuso reprisa cargueiros obtusos aportando aqui ali onde era o que foi mil lágrimas não são suficientes mil lágrimas teu silêncio não mente apenas me corrói tenho vício em palavras mas não por isso não deixei de derramar mil lágrimas caíram não vi apenas senti mil lágrimas jorraram até mais que nosso gozo mil lágrimas perdi perdi não vivi te estranhei te senti onde estavas a nadar sem direção no mar mil lágrimas e estradas de tempo e silêncio me diziam o que fazer mil lágrimas após estuporar o frágil coração mil lágrimas em vão mil lágrimas no chão mil lágrimas partirão para a aurora voarão pela manhã mil lágrimas meu amor mil lágrimas tantas mais como fora outrora mil lágrimas não se negam um estrito desalinho um desejo eu tinha amado um desejo uma parábola de assassinato da saudade mil lágrimas que não  fossem cartas mil lágrimas que não se calassem mil lágrimas que valessem um passe mil lágrimas que fossem a corte imperial do Universo inconstante itinerante importante mil lágrimas com sentido mil lágrimas com estirpe mil lágrimas num lago parado a emergir em rodamoinho mil lágrimas eu estive pedindo que não fossem apenas mil lágrimas senão que fossem sem mesmo um pouco de medo que fossem meu segredo que fosse do mal o degredo um dia a recompensa que fossem um amigo que fossem não sozinha que fossem não fossa que fossem lágrimas mileuma lágrimas que soubessem ser não só mil lágrimas que pudessem te rogo mil lágrimas sejas milagros mil lares imaculados mil lágrimas sim transformem meu timbre e ponham em questão tua dura verdade necessito que mil lágrimas se convertam num só milagre que tu apenas me fale uma só palavra nem que seja adeus nem que seja me largue me abandone não me adule não me adore não me ame mil lágrimas não são suficientes para  amenizar o silêncio mil lágrimas para ver o passar do tempo mil lágrimas jogadas ao vento mil lágrimas cairão a profecia disse não sobreviverão mil lágrimas não o que são quero respostas me colabore estou engolindo água de mil lágrimas por favor me salve mil lágrimas um gato um cão mil lágrimas havia ali mais de mil nãos infinitos nãos mil lágrimas não os sabem transformar vou fazer uma amarração para que eu deixe de jorrar o pão envelhecido para que eu deixe de chorar pelo apodrecido para que não sejam mais mi lágrimas apenas lástimas poemas palavras pardas plantas parcas pindoramas panelas parques praias danças esse rio não me levará a ti não me levará a nenhum lugar mil lágrimas não sabem guiar mil lágrimas apenas para eu me afogar e ver-te a ti na beirada recusando-se a me salvar e quando me dês as costas mais uma vez serão experiências mil lágrimas não sei ainda se aprenderei a nadar vou provavelmente padecer morrer desfalecer desmoronar desmanchar em mil lágrimas mil palavras vou me desfazer toda em água vou fluir mas já não serei nada

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