Minha Senhora

Senhora minha sombra coberta de escuridão

Voz uniforme, gerada num vazio tão conservador de vários tormentos passados

Os ossos que se partiram agora encontram-se reduzidos a pó, o sangue derramado seco na terra

O corpo há muito queimado pelo sol de uma senhora outrora coberta de escuridão

Espinhos cravados na pele há muito morta

Uma criatura que habita na sombra, bestializada em puro instinto arranca a sua pele convertendo-se num monstro desumanizado

Um espinho cravado na carne em vida permanece em ti após uma morte suavizada pelo esplendor de uma vida passada

O sonho de um passado inexplorado perdido há muito numa noite esquecida pelos tempos

Um Deus que nasce de carne apodrecida, corrompida por um desejo inabalável e faminto

Um verme que agora come a maça proibida, num jardim reduzido a cinzas

Um verme que ri de ti nas mãos de uma senhora, um corpo reduzido a nada

Em tempos idos uma sombra, reflexo agora apenas de ossadas

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