Minutos famintos
Autor: Frederico De Castro on Monday, 21 March 2016
O que faço das palavras senão a
minha arma perpetrando-te
como as ciladas que invento
ao alimentar a inspiração
faminta em cada momento
- Que faço dos meus versos
senão as pontes tangenciais
onde unimos as margens do
silêncio
reencontrando-nos a bordo de cada
palavra navegando de contentamento
- Que faço das minhas rimas
deixadas no réveillon dos tempos
sem sequer me consumir no sabor
da tua harmonia trajada
no colorido dos ventos
deixando todas as vogais atónitas
espraiar-se na sonoridade intercalada
nos desejos e nas preces
despressurizando-me tão caladas
- Que faço da poesia
morrendo grávida e faminta
por uma rima que tarda
e depressa se requinta
regurgitando sonoridades
quase perfeitas
formosas
e toantes
desembocando na grafia
de um verso rimando sem limites
em emoções tão beligerantes
- Deixarei que outras palavras
embriagadas na noite
contornem o semblante esquivo
e expectante do teu ser
Pincelem o tamanho das lágrimas
que espiam o eco pitoresco de uma
eleita ode se refinando na ermida
dos silêncios tão quânticos
e inebriantes
FC
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