MULHER CAIDA

A MULHER CAÍDA
 
Jaz caída e moribunda,
Que nem os trevos lhe dão a sorte,
Da natureza de ser mulher,
Pelas amarras da vida,
Da posse do senhor seu amo,
Já a ter possuído e amado,
Mas não deixando de a ter amordaçado,
No seu coração triste, envergonhado
E a ter maltratado sem dor,
Rasgando a carne sem compaixão.
  No meio de turbilhão de desvarios,
Como um lobo uivando,
Dilacerando o ventre,
Que acolheu sua semente,
E lhe deu o fruto do seu amor. 
De loucura não satisfeita pela razão. 
E na noite escura, pois até a lua se escondeu
De tão grande e absurda loucura
Pois jaz, uma mulher caída no chão.
 
(Carlos Fernandes)
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