Não baixes os olhos
Não baixes os olhos...
O chão não é o teu horizonte,
E para lá do que vês,
Existe Mundo suficiente
Para que a tua alma desvende,
O que o olhar te esconde...
Sabes lá,
A quantos passos de mim,
A quantas léguas dos meus pés
Poisados, de bailarina,
Corre o meu sangue,
E as minhas raizes de felina
Se estabelecem delirantes.
Estas caras dolorosamente errantes,
Estes seres humanos frios e distantes
Podem não ser o teu caminho
(Quem sabe, parte de um outro caminho
Que percorrias antes)
Este passeio arruinado, polido por tristes passos,
Não tem necessariamente de ser o teu solo,
O teu rosto segundo,
O teu Mundo,
A tua realidade...
Por isso
Não deixes nunca mais
Que os teus olhos delimitem
O horizonte que te existe,
O percurso por que vais...
Mostrar-te-ão meros resquícios
Dos fogos de artifício
Que só na alma têm seus vitrais.