NÃO DUALISMO

A FLOR, porque há-de ser colhida,

Escolhida? É sem amor e sem ódio

O Caminho, a Vida !

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Diferenciar é definhar, matar;

Limpidez, abundância, cura..

São sem concordar nem discordar.

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Seng-ts’na, patriarca chinês

Do Ch’na, Zen em japonês,

Budista, te saúdo, me prostro,

Eu, aspirante português.

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Não dualidade sem limites,

Absoluta indistinção, completa fusão,

Mistura, amálgama… Confiança,

Paz, sossego, perfeição…

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Bom, mau; vida, morte; saúde, doença;

Menino, menina; gosto, desgosto; ter,

não ter, ouvir, não ouvir… Tudo muito

bom, completo, em melhoria, em sintonia…

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A mais pequena etiquetagem, rotulação,

Discriminação, escolha, rejeição, distracção…

E logo a confusão, a eventual aflição.

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Por todo o lado, posição

Com caminho que também somos

Móveis, fixos, em união.

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Pouca conversa, menos preocupação;

Distracção, passeio quanto basta;

Com luz própria, sem sombra de ilusão.

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“Sem erro, sem mal, perfeito(a)…”,

Erro é pensar, dizer: «certo» ou «errado».

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Só onde há ódio se fala de amor (dualismo):

nirvana é harmonia, serena

Respiração mais ou menos profunda,

Gozo, vida plena.

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