Não estou vendo a hora

Ben Tankard ~ Ribbon in the Sky

Não estou vendo a hora
 
pra te cobiçar
 
toda
 
desfragmentada sem penhora
 
em laivos embebidos em tantos
 
vestigios de pujante alegria inventada
 
qual metáfora desertora
 
 
Não estou venho a hora
 
de te agitar palpitante
 
cobrar-te excitante
 
todos os beijos que multiplicámos
 
eufóricos na soma do amor
 
construído de empreitada
 
sem impostos
 
nem créditos ou câmbios
 
computados nos implacáveis
 
débitos per capita
 
nesta estatística onde
 
nunca divido meu amor
 
pois, por ti
 
caminharei regateando cada
 
pedaço de tempo profético e implicito
 
 
Não estou vendo a hora
 
de implementar todos meus
 
sussurros nas coordenadas
 
transcritas e perscrutadas
 
na imagem que se faz
 
poesia incógnita
 
mesmo quando perco o fôlego
 
estampado em assustados
 
reencontros entrelaçados
 
em promessas sequestradas
 
no silêncio suspeito dos dias
 
que morrem disfarçados
 
esmiuçados até à revelação
 
de uma vida eterna a todos intimada
 
 
Não estou vendo mais a hora
 
de te renovar promessas
 
acalentar tuas travessuras
 
em poesia impressa
 
no dorso das palavras que
 
avivo em correrias
 
em dias de festa afligidos
 
por tanta terna e intima acalmia
 
 
Não estou vendo a hora
 
de purificar-te o gosto magnifico
 
onde condimentamos nossos sorrisos
 
os instintos
 
desalentos e conceitos
 
proscritos
 
na perplexidade desconcertante
 
onde moram todos os
 
abraços trajados
 
com milhões de versos
 
que acalentam qualquer
 
virtual distância entre recenseamentos
 
acordados na monotonia
 
dos corpos celestiais
 
em aparatosas explosões
 
de preciosas sinfonias
 
crescendo tumultuosas
 
em arremedos fartos de esperança
 
em harmonia
 
 
Não estou vendo a hora
 
de transfor minhas preces
 
em vénias inebriantes
 
onde sucumbe fiel
 
e retumbante
 
tanto amor arquitectado
 
a dois
 
vibrantes, livres
 
à nossa imagem e semelhança
 
quando desferimos tantos
 
indivisíveis abraços
 
e muitos mais
 
lisonjeiros afectos matreiros
 
antes de decretarmos qualquer falência
 
no mar de amor, mais apaziguador
 
onde repousam desarmadas nossas
 
infinitas e guerreiras lembranças
 
FC
 
 
 
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