Não sou Dalí, nem Neruda

O que me chama a atenção

atiça, inflama, seduz as emoções

Crio uma imagem, mesmo

que eu não possa ver você inteiramente

totalmente nua, exposta ao mundo

Aos preconceituosos seres

alguns deles habitam este planeta

E acham, afirmam que seus pecados

são menores, e que os errados

os perversos são os que se expõem 

Que se libertam das suas amarras

Os diferentes, aqueles que mostram

sua essência por si só

Corpos nus, silhuetas cruas

a desfilar pelos caminhos

pelas vias públicas, são perversão

Eu poeta, vejo como arte

O que é belo deve se tornar poesia,

deve se tornar escultura, pintura

e até mesmo um hino a beleza

A silhueta de uma mulher

Em sua factível e espantosa exibição 

Mulher, Deusa, Musa...

minha real e irrestrita inspiração

Não sou adepto de silhuetas perfeitas

gosto feito Picasso, feito Dali

quem me faz suspirar é Neruda

para escrever minhas poesias

(DiCello, 14/07/2019)    

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