Não Suporto
Autor: Miguel Intimous on Wednesday, 16 November 2016
Não Suporto!
Não suporto a tua presença; não suporto…
Não suporto, tanto, que é insuportável ouvir-te.
Não suporto tal entoação caída das tuas cordas vocais…
Não suporto nada de teu corpo — de ti.
Não suporto!
A ideia de existires, para mim, é insuportável, porque me lembro de ti.
Não suporto o teu sorriso, pões-me cego com tanto sorrir, cospes risos fora de tempo — não sou nenhum palhaço. Ou sou uma pena? — Começares num sorriso lindo e acabas aos gritos em oitavas diminutas e menores, risos escandalosamente diabólicos.
Não suporto a tua noção das coisas; és tão estrondosa como uma ogiva nuclear — posso estar incrédulo com o sossego dos minutos da minha tranquilidade, chegas tu. Nem tempo tenho; estragas tudo, rebentas com tudo, partes tudo e até me furas os tímpanos e cortas a respiração — ainda nem rebentou a bomba mas já sei a distancia que suportarei de ti, caso contrário não suporto… nem viverei mais para te suportar.
Suporto tudo menos o teu nu, o teu pescoço a tua carne revestida da mais macia epiderme alguma vez lambida e raspada pela minha barba… os teus cabelos em alto mar, não suporto ser náufrago nas suas ondas da L’ORÉAL — não suporto perder a cama para a solidão, desenvergonhada!
Não suporto! Tu sabes disso, mas continuas… é tão teu; me olhares de cima a baixo como se eu fosse um roteiro, se em mim estivesse algum monumento único para ser contemplado, ou olhas para que eu te diga; para! Não me olhes assim, das-me tesão. — És é tola, sua desgastante de olhares mal interpretados, olha mas é para mim quando estou a cagar, aí sim dou-te valor, tomares conhecimento de quando cago sem ter vontade, mas só porque é para ti. Não suporto!
Não tens espaço, queres o meu… é insuportável os teus encostos de peito em peito ou de lábios nos lábios… sinceramente! Não suporto saber que o insuportável é mais o converter a verdade dos factos do que é insuportável e tudo se resumir na vontade tremenda de te esganar enquanto Lúcifer te rasga a roupa e me incorpora abrindo-me caminho à tua loucura, à tua ousadia. Esqueço-me da religião e cometo todos os pecados suportáveis até que te tenha consumido e tocado. Possuída, não suporto não poder te suportar.
Não suporto!
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