Na Minha Cidade, Na Minha Bela Lisboa

Já tu haverias regressado desse passeio 
de rosto pálido e sereno, respirando essa brisa fresca
do entardecer à beira rio, 
quando ao largo do Tejo se entoa um fado 
fazes um poema, fá-lo com cuidado 
empenha esse teu ser e essa tua alma 
fumas um charuto e bebes desse vinho tão amargo

Vinham gaivotas, vinham voando sobre o pôr do sol, 
da Baixa ao Tejo, fintavam a ponte 
e cruzas o horizonte nesse barco onde atravessas
que ele não encalhe, já se vê o casebre

Do Marquês à Baixa, 
dos Restauradores ao Chiado, 
do Chiado ao Terreiro do Paço e até mesmo ao Castelo 
sem esquecer o Duque do Saldanha, 
o Senhor do Adeus, o Cesário Verde, o Fernando Pessoa e o Camões,
e até mesmo o Velho do Restelo e o Adamastor 
que já cá não se encontram

Voavam pombos, voavam e voavam, 
onde haviam multidões à volta de estátuas 
que cidade esta, a minha cidade, a minha bela Lisboa, 
que eu não me canso de a visitar 
de onde vinham as multidões, 
que cidade esta!

Assistindo a todo um espectáculo, 
vinham mendigos por essas ruas de calçada antiga 
meditavam ao acaso,
porque a vida lhes tem sido dura 
quando olhares para eles é a dureza que trazem no rosto

São gaivotas, são pombos, 
já tu haverias regressado desse longo passeio
são essas multidões trazendo a vida a esta cidade, 
deixando a saudade, 
quando se soltam as amarras lá do cais
e a azáfama de partir por esse mar fora 
descobrindo o desconhecido, 
erguem-se as colinas de Lisboa, 
dizem que são sete!

Ao entardecer, acendem-se as primeiras luzes
beijam o primeiro luar, acendem-se estrelas lá no céu
que cidade esta, a minha cidade, a minha bela Lisboa!

 
Poeta dos Tempos Modernos 

 

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