_Na occazião em que o A. hia ver o Varatojo_.

Meu Amigo, duro Amigo,
Fatal, rígido Banqueiro,
Motivo dos meus pezares,
Herdeiro do meu dinheiro;

Em taes termos me deixaste,
Que sou deste rancho o nôjo;
E co'as lagrimas nos olhos
Parto para o Varatojo;

Por ti filho da pobreza,
Irei ser naquelle mato,
Qual foi São Sebastião,
Não na vida, mas no fato;

Vai tu seguindo a fortuna,
E leva a bandeira alçada,
De tarde na laranginha,
A' noite na Arrenegada;

Até que voltando a roda,
Mande teu fado inimigo,
Que deixes crescer as barbas,
E venhas viver comigo:

Vem, e traze o teu baralho,
Ministro dos meus destroços;
Farei do vicio virtude,
Apontando a Padres nossos;

Vem viver entre altas brenhas;
Vem curtir as minhas dores;
Traze o pranto dos Parentes,
Traze as pragas dos Crédores.

Não falla vão Agoureiro,
De cujas palavras rias;
Meus trabalhos me fizerão
Mestre nestas profecias.

Não te fies em ventura;
Quem joga, tem o meu fim;
Outrem te dará os gostos,
Que tu me tens dado a mim.

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