Na verdade, não sei, quem na verdade sou

Não sei se sou quem na verdade pareço ser!
Sou tantas vezes lágrima em sorrisos perdidos
Que afoguei a minha própria tristeza no peito.
Sou um trapézio de cordas bambas mas seguras,
Sou um rio que a chuva enche de lamentações.
Sei quem sou aos olhos da chuva que me encharca
Mas na verdade, não sei, quem na verdade sou.
Por vezes, sinto-me assim, a modos que perdida
Apetece-me chorar! Mas já não sei como se faz!
A vida tratou de me roubar as lágrimas salgadas,
Marcou-me um destino de brisa-primavera,
Sou tantas e tantas vezes um porto seguro
Que esqueci o sentir de me deixar ancorar,
Se sou brisa e vivo por entre a multidão
Porque me sinto hoje este ser inconstante?
Porque me perdi na retórica do ser e não ser?
Porque não me dizes tu, oh vento, o ser que sou,
Indica-me um caminho, recorta-me nas nuvens
Diz-me vento por entre as nuvens o ser que sou!

Maria dos Santos ALves, 2003
In Poesia ao Luar-Maria dos Santos Alves

Género: