Naquela Madrugada

NAQUELA MADRUGADA

Mordi o teu lábio.

Devagar,
deixei o meu corpo deslizar pelas tuas mãos
as paredes mansas do quarto devolviam a respiração
ainda vi a lua a brilhar pelas persianas entreabertas,
quando acendeste no meu peito uma fogueira,
recordei o último caso de amor falhado
vi a sombra da tristeza a bailar no teto,
estremeci com os beijos quentes que espalhavas ao acaso no meu pescoço.

Então, os teus braços prenderam-se a mim
com tal força,
que julguei desaparecer neles,
fui ao fundo do oceano azul dos nossos suspiros
guiada pela luz irreal de dois corpos.

Naquela cama de amor desarrumada
construímos um castelo de suor e beijos
que era o principio e o fim de todas as coisas.

Depois adormeci...

Maria das Dores Cunha

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