Nas teias do tempo

Hans Zimmer - Time

Expressiva caminha
 
minha poesia encarcerada
 
nas teias do tempo
 
redigida com adrenalina escorrendo
 
sem malabarismos que a vida
 
enfeita cada dia
 
 
– Ausentei-me hoje
 
lastimando nossas ausências
 
que espreitam derradeiras na peugada
 
dos abraços que me espoliaste em tempos
 
surdos
 
renovados continuamente
 
até que sinta de novo emergida
 
em ti
 
nossa expectante universalidade
 
escrita fielmente em gomos de poesia
 
de uma vida jamais coagida
 
nas teias do tempo,
 
que hoje me desperta em refrigérios efusivos
 
de alegria fragrante
 
embebedando-me devagarinho
 
redimindo-nos revigorados, delirantes
 
 
– Os atos de amor
 
serão sempre vislumbrados
 
num beijo implícito
 
onde nos lambuzamos
 
quase homicidas
 
tentadoramente premiados
 
pela razão quase insâna, subvertida
 
 
– Ser poeta
 
é espontaneamente
 
dar o endereço da morada
 
à loucura
 
fazer do tempo uma doença
 
sem prognóstico
 
ser a nossa
 
pátria sem bandeira
 
onde aplacamos nossas disputas
 
estóicas, atrevidas
 
bebendo o suco perfumado
 
onde geramos toda a vida
 
indomável,revelando-nos sem mais contra partidas
 
 
– Nos enrredos cronometrados na
 
rasura de um poema quase perfeito
 
descarto a sílaba súbita
 
onde te ofereço
 
na penumbra do tempo magistral
 
meu repouso, fiel
 
confinado ao teu perfil
 
explêndido,
 
propagando-me na radiante
 
e balsâmica manhã
 
onde disperso meus versos
 
tão banais esquecidos nos ventos
 
perpetuados compulsivamente nas teias do tempo
 
FC
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