NAS TUAS ENTRELINHAS, NAS MINHAS SENSAÇÕES

Se o meu sorriso indissimulável reflete o teu semblante afortunado
As tuas vigorosas inflexões têm o meu sabor sedimentado;
Talvez porque nas tuas entrelinhas irreverentes
Haja muito do meu maduro e condimentado tempero;
Talvez porque através da tua intensa corrente contínua
Reverbere toda a intimidade que nos conecta;
Algo muito superior ao encantamento ou a simplória admiração
Linguagem que não se fala, tampouco se vê.
 
Suas personagens enfáticas fomentam minha insurgência;
À tua adrenalina côncava e irrequieta
O contorno convexo da minha testosterona;
Se minha boca eufórica te banha 
No teu enlevado corpo me purifico;
Se renasço a cada hiperativa madrugada, 
Tua garganta prenhe de arfantes arritmados
Quase em febril convulsão,
Realiza partos dos mais precoces e generosos brados.
 
Amplificado pelas onomatopeias de alcova 
Prolongo à exaustão a extração das tuas especiarias
Cultura da mais nobre lavra
Adubada pela expressividade da face natural da satisfação.
 
Os nossos fins, então, justificam os nossos meios
Uma vez que somos perspicazes alquimistas em infindável redescoberta;
Do comprometimento ante às diferenças
À propriedade na capitulação e na conjugação das virtudes.
 
Evidencia-se, pois, a imensurável simbiose que nos entrelaça
Relação de íntima cumplicidade e dependência
Sinergia inconteste sob a ótica da nossa personalíssima dramaturgia
Reconstruindo, dia a dia
Uma nova versão da completude.
 
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