Nevoeiro

A chuva escoa levemente

Na janela pelo vento fustigada,

Lavando pavorosamente

A alma anteriormente destroçada.

 

O rio abraça ternamente

As lágrimas que do céu escaparam,

Como gotas envergonhadas da mente

Que no passado o futuro adivinharam.

 

O nevoeiro instala-se na sabedoria

Dos seres donos da verdade,

Meras cobaias da ignorada monotonia.

 

A leviandade passeia na multidão

E esguia por entre a saudade

Para não sentir a ambígua solidão.

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