No tempo do poeta França

No tempo do poeta França

Poeta que é poeta arruma a rima, pinta, costura e borda um verso

Quem nem o poeta França que desarrumava a palavra dando um gole de cachaça

Dos poetas itinerantes, poucos versados ainda insistem na agonia da rima

Outros migraram pra boa vista e bebem cerveja num bar da esquina

Antecessores da melancolia dos guetos que davam vida aos fantasmas sem medo

Porém, e além, destilavam-se garrafas de segredos

Naqueles versos sem enredo, somente aos lúgubres era permissivo retê-los

Em pontos e tremas, quando ainda obrigatório, viviam-se madrugadas poéticas

Eternizadas na memória de uma cidade que viveu arte pela arte dos artistas

Ainda sim, respira os ares e mostra-se aos sons de violões inquietos

Tantos boleros, tanta música que chega a trucidar os ouvidos dos turistas

Aquela Olinda, que rimava com todas as esperanças, continua e ainda encanta

Metamorfoseada e parafraseada pelos novos poetas que vieram do meio

Daquele tempo matreiro, o tempo do poeta França.

Charles Silva

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O rapaz da foto acima é o poeta França pra quem não o conheceu, muito meu amigo. Ele não está mais entre nós.