Nostalgia morta

A nostalgia é uma mentira
Adornamos de boas lembranças
Só que no interior há o caos
Memórias são em tom de arco-íris
Pinceladas pela falta da lívida cor
Recordamos de um filme sem o final
O roteiro é quebrado e o diretor sumiu
Uma límpida tristeza é lembrar
Detesto o que já foi e o que virá
Sinto-me preso em um torreão
Escuro, gélido e sem soldados
E o ataque ao fronte é a nostalgia
Minha infância abaixo dos laranjais
Talvez sejam o fruto de um engano
A diferença entre mim e Abreu
É que ele comeu o fruto de Adão
Já eu acabo de cuspir minha memória
Um ingere a querida mentira
O outro, a tristeza que lhe fatiga

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