NUM ALBUM
Autor: Bulhão Pato on Wednesday, 6 February 2013
Não vês tu como inconstante Num instante, Ruge o sul, e turba o ceo, E que o mar, quedo, azulado, Brame irado, Sacudindo alto escarceo? Não tens visto na manhã, Flor louçã, Junto ás aguas rebentar, E á tarde, murcha, pendida, Já sem vida, Sem perfume, a desfolhar? Pois então queres, amiga, Que eu te diga Que o amor não é assim? Quando tudo empallidece, Se emmurchece, Se desbota, e morre emfim?! Essas illusões doiradas, Encantadas, Do primeiro albor da vida, São como a rosa louçã, Da manhã, Á tarde n'haste pendida; São como o ceo azulado, Que doirado Pelo sol de ameno dia, Se escurece de repente Tristemente Por uma nuvem sombria! E tu não queres, amiga, Que eu te diga Que o amor não é assim? Quando tudo empallidece, Se emmurchece, Se desbota, e morre emfim?! Agosto de 1848.
Género: