O Óbvio

Vós sereis o óbvio.

E, por assim serdes, sereis o mais invisível dos fatos,

A constatação última.

 

Vós sereis o óbvio.

Vossa aparição estarrecerá sempre o mundo.

A ciência sempre chegará a vós pelos caminhos mais tortuosos;

A imprensa sempre espantar-se-á ao deparar-se convosco;

Sereis sempre a conclusão das mais variadas pesquisas.

 

Vós sereis o óbvio.

E nunca deixareis de ser espantoso.

Sereis sempre o desafio às inteligências,

O desdém das genialidades.

 

Vós sereis o óbvio.

Sempre o foras e sempre o serás!

As gerações futuras sempre rirão de seus antepassados

Perguntando-se por que demoraram tanto

Para descobrir-vos.

 

Vós sereis o óbvio.

E os historiadores sempre dirão

Que antigamente não o éreis tanto assim

Sem que jamais tenhais deixado de sê-lo.

 

 

Vós sereis o óbvio.

E vos rireis de todos

Que não quiserem reconhecer-vos.

E tentarem disfarçar-vos sob quaisquer nomes.

Obviamente, apenas por gostar de sê-lo.

 

Vós sereis o óbvio.

E, por esse tratado, doravante assim vos denomino.

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