O último conto

Lágrima gelada faz derreter
o anjo da última lápide.
Gesso enfraquecido na força
da batida do último corvo,
na vertigem de sua asa,
a última morte;
nas rosas do último defunto,
o fim da primeira saudade.
Velório do assombro sujeito,
da sexta casa à direita,
donde residia a garota do
véu, aquela que faleceu
jurando vingança.
O pássaro morto no tapete
foi a prova do crime,
ninguém entendeu como,
mas assim foi o funesto fim.
Ela tinha o sonho do matrimônio,
ele, o vil desejo de suprimir.
No vai e vem da sanfona, a música
da vida os ensurdeceu;
o enterro do último corpo lava
a redenção da vingança, enquanto
o céu não obscurecer, a lágrima
reluzente do anjo não findará...
o mar de fogo; o primeiro sofrimento
do último engano.  
 

 

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