O BARQUINHO SOLITÁRIO

O BARQUINHO SOLITÁRIO

 

Vou passear junto às margens do Tejo

E me devaneio nas suas águas mansas

Com os seus braços estendidos

Abraçando a alma de Lisboa.

E ao longe olhando o horizonte

Vejo um barquinho que mais parece uma folha

Perdida naquela imensidão

E lentamente adormecido pelo balançar

Das águas remansas no Tejo

Avança à força de braços

Lá vinha um barquinho a remos

Dançando no seu balançar.

E bailando junto há margem lá ia a passar

Eu lhe acenei e o cumprimentei

E lhe perguntei como ia a faina?

Ao que me respondeu

Hoje o Tejo está adormecido

Nem para a tainha que é rainha dá!

E lá foi ao seu destino assobiando

Um fado que eu reconheci

Mas que naquele momento era seu.

Canoa de vela erguida

Quem vens do cais da ribeira

Gaivota que andas perdida

Sem encontrar companheira.

E no seu assobiar lá foi há sua labuta

Porque o tempo não espera

E o peixe que é a sua razão

Se escasseia não lhe dando o merecido pão.

 

(Carlos Fernandes)

 

 

 

 

 

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