O berço da luz

O berço da luz
 
Faíscando a noite
reflectem agora as imensidões
de luz etérea 
flageladas num mar ainda soluçando 
quando se acende 
a fogueira onde alimentamos
as chamas viventes de alegria 
tu que fazes da vida
algo fulgurante e refulgente 
que pasma subtil e se inflama cada dia
caminha comigo na contemplação
do amor terno e gracioso
nesta alegoria poética
que flameja em tanta fantasia
 
Há pois no ar um perfume liríco
que geme nas encostas douradas
onde o vigor carente das manhãs 
arde ainda vivo aromatizando 
tudo e toda a languidez preguiçosa
que por ti se derrama
Até que abrande esse fogo animador, 
nos revigore e atice de vez no alvor
de mais um dia indolor
as visões purificarão a celestial grandeza
estampada na delicadeza das nossas memórias
vem comigo povoar a voz serena e obediente
ainda que gritando
pelo eco duvidoso 
se remete delirante
musicando a primavera que deslizando 
de mansinho se encobre no teu dorso
 
Ó poeta por ti até me faço
e refaço em força, brio ou rio
pra que tu navegues orgulhoso
quando rumas às rimas no meu porto
poeticamente libertando
meus grilhões
que a chama no pavio do tempo
assim tão curta se apaga, 
e nós ainda invencíveis
saímos tragando aventuras
decretadas no berço onde a luz perpétua
desmaia na acalmia arquitectada
de tanta formosura
FC
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um hino à Luz

da emotiVIDAde.

 

Muito bem!

 

_Abílio Henriques.