O bom malandro

Brindaste meu poema com ritmos
 
divertidos, compilados
 
num excerto inédito de cânticos
 
inspirados
 
manipulando cada palavra
 
onde me farto de ovações
 
sucumbindo no quintal
 
dos teus braços
 
saltitando em delírio por
 
tuas cortezes ensinuações
 
 
- Na ausência que me deixaste
 
confundi-me na madrugada
 
ilustrando o fumegante dia
 
que se dispersa vadio pelas ruelas
 
solitárias do teu ser
 
cantarolando estupefacta no eco
 
inconfundível onde te revelas
 
 
- Ensaei um acorde feliz
 
no tom de mil vozes
 
ali entricheiradas
 
ajoelhando a alma
 
farta de alegria despertando
 
tua preciosa gargalhada
 
em mim suavemente enclausurada
 
 
- Anseio só degustar-te amanhã
 
ensaiando um beijo malandro
 
que desabrocha aplaudindo
 
o sabor casto onde meu tacto
 
por ti  escorregadio desliza
 
peregrinando
 
 
- Rendo-me assim ao desvendado
 
tempo onde confiei a anatomia
 
dos meus versos
 
oscilando na cumplicidade
 
dos desejos dissecados
 
em silêncios invulneráveis
 
quase, quase bebendo toda a minha
 
felina serenidade
 
 
- Deixo-te minha existência
 
especada à mercê de tantas palavras
 
sem paradeiro
 
Invoco uma prece desenfreada
 
desfilando pelos horizontes
 
deste poema lavrado
 
na  efeméride de tantas afeições
 
deixadas traficar pelos gabinetes
 
secretos
 
das nossas predilectas  emoções
 
FC
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