*O cão de bordo*

      A cerração é densa. O pobre hiate
      Sem leme desarvóra na refrega;
      Penetra na escotilha a onda céga,
      Alquebra-se o baixel no duro embate.

      A trovoada estala, a prôa abate;
      No escaler a maruja ao ceu se apéga,
      Este a vida infeliz surdo lhe nega,
      Que as lagrimas não bastam p'ra resgate!...

      Um cão hirsuto, magro, avermelhado,
      Com os olhos chorosos, flamejantes,
      Que brilham como negros diamantes

      Late com desespero, busca a nado,
      Mergulha entre os cadaveres boiantes,
      O dono encontra, e morre extenuado.

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