O cair da noite

Caí a noite na minha janela
Abrem-se as portas da fantasia
Espalha-se pelo ar o perfume da canela
E pelo chão espinhos em demasia

Acendem-se as velas da imaginação
Arrancam-se os cortinados da alma
Espreita-se por uma fresta do coração
Tempera-se o desejo com óleo de palma

Enfeita-se o céu na madrugada
Com estrelas de fogo de artificio
Dança-se nua na festa sagrada
E tudo volta ao início...

Caí a noite na minha janela
Fecham-se as portas da alegria
Apaga-se o sorriso à luz da vela
E o comboio do destino avaria

Sobe-se à Lua numa asa de papel
Beija-se o Sol até ao romper do dia
Solta-se do papagaio o cordel
E da vida faz-se uma comédia

Voam os pássaros do telhado
Com o cantar da Cotovia
Poisam gaivotas no tapete molhado
Enferrujam os carris da ferrovia

Caí a noite... e tudo caiu em mim...
Que tragédia!

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Comentários

UMA VERDADEIRA MENOPAUSA NUM POEMA PARA SI E PARA TODOS OS QUE VIVEM NESTE PLANETA E COMO VÊ ATÉ SEMPRE.

UM ABRAÇO PARA SI TAMBÉM POR ESTE GRANDE TRECHO.

AMANDU

Na verdade ainda não estou na menopausa, mas há dias em que a tristeza bate à porta... Prometo que o próximo será mais alegre. No entanto, obrigada pelo seu comentário Sr. AMANDU

Não sabia que a menopausa tinha a ver com o género poético :)
Acho um belo poema e nada trsiste!

 

Feliz 2014
Arthur Santos