O CAVALO GATEADO
ESSA É UMA HISTÓRIA REAL SOBRE UM “CAVALO GATEADO” QUE UM GURI TRAZ PARA PASTAR AQUI EM FRENTE DE MINHA CASA. A PATROA RECLAMA, PORÉM EU, AO CONTRÁRIO, AGRADEÇO AO ANIMAL, POIS NÃO PRECISO MAIS PEGAR NA ENXADA PARA CORTAR O PASTO.
Aqui em casa, parte da frente
Valeta, pasto e bueiro
Polvadeira o ano inteiro
Com intervalo embarrado
Um cavalo pelo gateado
Pasta e deixa a grama rente
Um guri de apelido “Teteu”
Traz o bicho atado na corda
Minha mulher sempre discorda
Porque o cavalo faz sujeira
Mas eu levo na brincadeira
Faço de conta que ele é meu
Não é permitido por lei
Cavalo pastar na frente
Quem fez essa lei foi gente
Estará certo ou errado?
Pela lei eu já fui lesado
Por isso a resposta eu não sei
Tenho aparador no embrulho
Foi presente de um amigo
Mas tenho um costume antigo
A minha mulher dá risada
Corto o pasto com enxada
Pois eu não gosto de barulho
Cheguei aqui “nas casa” um dia
Lá estava o tal gateado
Na árvore todo enredado
Fui logo então desenredando
O bicho ficou me olhando
Pelo olhar me agradecia
Depois por cima do meu muro
Dentro do pátio lá da frente
Olhei o animal contente
E pensei naquele segundo
Fazemos parte de um mundo
Onde ninguém está seguro
Procedo assim só por capricho
Com respeito e sem maldade
Por isso a minha amizade
Com esse gateado que falo
Posso entender o cavalo
Penso por mim e pelo bicho
Enquanto o tempo me arrasta
Pra longe da minha infância
Que o gateado pense que é estância
A frente aqui da minha casa
E vou soprando essa brasa
Enquanto o gateado pasta.
Sérgio Teixeira
Bagé/RS