O coração dos homens com a idade
Autor: António Nobre on Saturday, 12 January 2013
O coração dos homens com a idade,
A pouco e pouco, vae arrefecendo...
Quão diversos me vão apparecendo
Do que eram ao abrir da mocidade!
O sorrizo não tem já lealdade,
Lagrimas são difficeis... não as tendo.
Palavras não vos faltam, estou vendo
Mostrar o que sentis só por vaidade.
Já não me illude, a Gloria que sonhei.
Perdi a fé em tudo quanto amei.
Mas só agora, eu sei o que é viver!
Não fazes bem, assim, em rir de mim!
Tenho tido na vida horrores sem fim,
Mas só agora, eu sei o que é soffrer!
Ilha da Madeira, dezembro, 1898.
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