_O INCONSCIENTE_
Autor: Antero de Quental on Tuesday, 8 January 2013
O espectro familiar que anda comigo, Sem que podesse ainda ver-lhe o rosto, Que umas vezes encaro com desgosto E outras muitas ancioso espreito e sigo, É um espectro mudo, grave, antigo, Que parece a conversas mal disposto... Ante esse vulto ascetico e composto Mil vezes abro a bôca... e nada digo. Só uma vez ousei interrogal-o: --«Quem és (lhe perguntei com grande abalo), Fantasma a quem odeio e a quem amo? --Teus irmãos (respondeu), os vãos humanos, Chamam-me Deus, ha mais de dez mil annos... Mas eu por mim não sei como me chamo...
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