O que recordo em ti...
Autor: Frederico De Castro on Sunday, 29 January 2017
O tempo soltou suas ventanias
a saudade a memória ígnea
epífania dos silêncios excepcionais
que se alimentam no destino disfarçado
de brisas indeléveis e fraternais
O que recordo em ti
amordaçou a solidão
deixando
a alma em dores profanas
a vida carente rangendo
nas divagações quase insanas
E dos versos serviçais renovei o desejo
quase caótico numa pirotecnia de palavras
imprevisíveis nascendo passionais
homófonas e inesquecíveis
O que recordo em ti
vou soterrar lá no gavetão das
minhas ternas ilusões onde fabrico
e reivento a luz do teu ser
escapulindo por um triz à desinquieta
noite replicada em beijos convalescendo
no pote do amor sem mais contradições
O que recordo em ti
replico na arquitectura das
palavras nunca ditas
invadindo o dicionário dos sentidos
prenhes onde restauro um sonho omitido
dando entrada na clínica dos meus prazeres
recostados no olhar das distâncias
desalmadamente a dois consentido
O que recordo em ti
fez-se então meu quotidiano
desarmando meu raciocínio
ensopando as horas trajadas
de infortúnio
alimentando o ciclo de vida
qual sentimento em declínio
desabitando-nos pra sempre
numa imprevisível e inusitada
hora se revelando devagarinho
FC
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