O tacto do tempo

Existe um sabor em cada cor
 
o tacto indistinto do tempo
 
que se esgueira
 
a névoa de Outono que chega
 
o sentir do perfume à janela
 
Bastava só sonhar o ser uma
 
aguarela num dia assim que
 
finalmente se revela
 
 
 
Por fim irrompe no  silêncio
 
a surda melodia num solo
 
profundo de  Beethoven
 
exaltando a vida desabotoando
 
todo o esplendor das palavras
 
e da 9ª sinfonia vestindo a noite
 
de gala num abraço que clameja
 
tendadoramente
 
e repleto de desejos maquinados
 
inequivocamente
 
 
 
Saudei o poente tremendo na tarde
 
que fica ali juntinho ao celeiro das
 
memórias mais vagabundas
 
oferecendo-te num invólucro de beijos
 
os meus mais selectos poemas
 
brotando num sonho selado com
 
silêncios e gentilezas amarrados
 
ao cordão umbilical da vida
 
cogitando apressada no algoz tempo
 
selvaticamente assim enamorado
 
 
 
Deixei tatuado no tempo um poema
 
aplaudindo qualquer emoção rabiscada
 
num teorema de vida sedento por um sonho
 
que suscita a matriz das palavras onde espanco
 
meus versos sem itinerário nem destino
 
trincando a ponta de cada desejo que chibata
 
um preliminar beijo suspirando felino
 
 
 
Apenas e só te oferto os fonemas do amor
 
martelando a preceito o véu do tempo onde
 
angariamos cânticos e lembranças das vivências
 
e irreverências alvorecendo numa sinfonia sulcando
 
uma pitada de eternidade enfeitando a vida fértil
 
e imensurável que jaz na subtileza do prazer
 
untado num sorrido despertando mais versátil
 
FC
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